16 maio 2006

Bandeira vermelha

Ir a banhos com bandeira vermelha vai dar multa.

Se perceberam que vão deixar de poder tomar banho enquanto seguram uma bandeira vermelha na mão, descansem. Não é nada disso. Esse vosso hábito esquisito é, quanto muito, sinal de que talvez não fosse má ideia fazer um exame psiquiátrico...

O que vai dar multa é um gajo estar muito bem na praia e assim do nada resolver ir dar umas braçadas enquanto a bandeira do nadador-salvador está vermelha.
Dirão alguns que isto não é mais que uma forma de sacar dinheiro ao pessoal. Que se um gajo, mesmo com a bandeira vermelha, resolve ir dar umas braçadas, é problema dele. O chato é que isso não é verdade. Quer dizer, é verdade que isto é, também, uma forma de sacar dinheiro ao pessoal. Mas é uma medida justificada. Passo a explicar o meu ponto de vista:

Imaginem que eu vou à praia. Apetece-me tomar uma banhoca, mas tá bandeira vermelha. O mar está perigoso mas eu, banhista de fim-de-semana, não me apercebo. Entro no mar, dou umas braçadas e... drama, tragédia, horror! Caio num fundão! Ou a corrente puxa-me para alto mar com uma força sobre-humana! Ou coisa do género!
Nessa altura, o que acontece? Pois, o nadador-salvador lá tem, porque a isso é obrigado, de me tentar salvar. Mas tentar mesmo! O que em certas condições (especialmente aquelas que justificam a bandeira vermelha...) é arriscar a vida. Talvez me salve, talvez não. Talvez nem ele se salve.

Percebem a minha ideia? O ponto é este: quando eu vou ao banho com a bandeira vermelha, não sou apenas eu a correr alto risco. Sim, alto risco, ou então a bandeira não estaria lá. Estou a pôr também em risco a vida do nadador-salvador. E ao passo que o "direito" de pôr em risco a nossa vida, e só a nossa vida, ainda possa ser discutível, não podemos pôr, intencionalmente, em risco a vida dos outros. Uma coisa é obrigar o nadador-salvador a intervir quando ocorre uma situação de todo imprevisível - é para isso mesmo que eles lá estão. Outra, é obrigá-lo a intervir graças à nossa estupidez.

Portanto, acho bem que se tome esta medida. Embora ache que ela, por si só, não seja suficiente. Não basta proibir e multar, há que sensibilizar e educar. E aqui é que se vê a atitude de quem decidiu esta medida: é que sensibilizar e educar custa dinheiro. Proibir e multar rende dinheiro. E o resto, acho que vocês chegam lá... só mesmo naquela.

1 comentário:

Joselito disse...

Verdade. Mas também é verdade que isso não depende só das câmaras municipais. Além disso, se eu vejo uam praia sem vigilância, só lá vou porque quero e assumo a responsabilidade...
Agora, que me digas que ter dois ou três nadadores-salvadores numa grande praia cheia de gente não devia ser permitido... ou mostrar uma bandeira "errada"... isso aí já é outra história...