22 maio 2006

Nuclear

Quando o petróleo sobe, a ideia surge: construir uma central nuclear em Portugal.

Nos anos 70/80, quando Chernobyl não passava de uma localidade praticamente desconhecida no mundo ocidental e este mesmo mundo ocidental construía alegremente dezenas de centrais, numa época em que o aproveitamento de energias renováveis não era nada comparado com o de hoje, e em que o petróleo também atingia recordes, teria sido relativamente compreensível a decisão de instalar uma central nuclear em Portugal.

Mas hoje... Chernobyl já não é uma cidade anónima - é uma cidade fantasma. Aliás, toda a área num raio de mais de 40 quilómetros da antiga central nuclear é hoje um território fantasma, altamente contaminado e praticamente desértico. Dezenas de milhar de pessoas - muitas delas crianças - morreram e continuam a morrer dos efeitos adversos da radiação. A Europa e os Estados Unidos praticamente não constroem mais centrais nucleares - as que existem irão fechar no fim da vida útil. E é agora, contra a maré, ignorando estes sinais, que Portugal se vai estrear nas centrais nucleares?

Bem, talvez esteja a ser alarmista... a haver uma central nuclear em Portugal, o risco de morrer devido a um desastre nuclear seria provavelmente menor que o de morrer com um avião em cima, e no entanto não se pensa em proibir que os aviões passem no céu acima das nossas cabeças.

Tudo tem um risco. E um benefício. A questão é: o benefício de ter uma central nuclear compensa o risco? Como poderemos medir o nível de compensação num caso destes?

Deixemos para quem saiba. Não me choca que se crie um comité, composto de especialistas nacionais e estrangeiros, que analise e se pronuncie sobre esta questão. Choca-me mais a ideia de um referendo. E porquê? Por duas razões:

1 - O "povo"* é altamente influenciável. Haveria certamente partidários das duas facções (a favor e contra a central), e a história nestas coisas é clara: não ganha quem tem mais razão - ganha quem tem mais lábia. Portanto, seria tomada uma decisão sobre pressupostos errados.

2 - O "povo"* não percebe um caracol destas coisas. Muita gente saberá, assim por alto, o que é a energia nuclear. Mas poucos saberão as reais características, riscos e benefícios. E sem saber estas coisas não se pode dar uma opinião esclarecida.

Claro que o referendo faria sentido se o "povo"* fosse ensinado sobre essas características, riscos e benefícios. O problema é que, nos referendos que já houve até hoje, a promessa foi sempre a de informar e esclarecer - depois, foi o que se viu.

E tu, que achas disto da energia nuclear, e da eventual implantação de uma central nuclear em Portugal. Expressa-te, jovem! Só mesmo naquela... ;)

*P.S. - O termo "povo" é aqui usado para nomear a população em geral. As únicas excepções são os cientistas/especialistas da área.

2 comentários:

Anónimo disse...

pronts jah devias saber k Portugal anda uns bons anos atras do resto da europa e estados unidos, portanto, não e surpresa nenhuma a proposta d energia nuclear aparecer hoje em dia e não nexa altura............
o k e k eu tenho a dizer sobre energia nuclear em portugal hmmm..........
s chernobyl aconteceu e foi na russia k, vamos ser francos, os russos sao MTO mais competentes k os portugueses, sera k eu keru uma central nuclear aki?!!!
a resposta e claram negativa ne.......

Alex

Joselito disse...

Oh Alex, olha que não é bem assim...
NAQUELE TEMPO os russos eram malucos dos cornos. Tinham tudo e mais alguma coisa, mas faziam as cenas às 3 pancadas (nisso são parecidos com o típico português). Uma das consequências dessa postura foi Chernobyl - o desastre nuclear ocorreu por causa de uma mistura explosiva (literalmente) de incompetência, inconsciência e falta de planeamento.
Se um dia for construída uma central nuclear em Portugal, será bem construída, coisa que Chernobyl não foi.
Agora, há uma questão: mesmo a central mais bem construída do mundo acarreta um risco. E tendo em conta a imperfeição humana - que leva à imperfeição do que é feito pelos humanos - talvez esse risco seja, ainda assim, demasiado elevado.